Gastroenterologia lida com as doenças que envolvem o aparelho digestivo
Gastroenterologia, você conhece? Está pensando em prestar residência médica nessa área?
Se você ainda está em dúvida sobre qual especialidade quer seguir, saiba um pouco mais sobre a Gastroenterologia!
E, dando continuidade aos artigos sobre especialidades médicas, ainda na clínica médica, o assunto deste é sobre a especialidade que lida com as doenças que envolvem o aparelho digestivo: a Gastroenterologia.
Desse modo, quando fala-se em gastro imediatamente pensa-se, então, apenas em estômago e intestino, mas a gastro engloba, portanto, muito mais do que isso, porque trata das doenças que envolvem, então, todo o tubo digestivo.
Desde as vísceras ocas: como a boca, esôfago, estômago, intestino delgado, cólon, ânus; até as vísceras anexas envolvidas, como: fígado, vias biliares e pâncreas. Pode-se dividir a Gastroenterologia em duas grandes áreas: cirúrgica e clínica.
A cirúrgica é a Cirurgia do Aparelho Digestivo e a clínica é conhecida, portanto, como Gastroclínica.
No entanto, apesar de as duas grandes áreas serem intimamente relacionadas, na prática obviamente, a residência e a prática diária em cada área, portanto, diferem um pouco.
Continue lendo este artigo e saiba sobre as duas áreas.
Gastroenterologia Clínica:
A residência em gastroclínica tem como pré-requisito os dois anos em Clínica Médica, com duração de mais dois anos obrigatórios e ainda um ano adicional opcional em Endoscopia Digestiva ou Hepatologia.
De acordo com a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) e as recomendações da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) do Ministério da Educação:
“A instituição deve ter estrutura, organização e equipamentos que garantam o bom desenvolvimento da Residência Médica. (…)
Desse modo, a carga horária anual de 2880 horas deverá ser dividida 80% a 90% correspondente, então, a treinamento em serviço, destinando-se 10% a 10% para atividades técnico-complementares.
Entre 10% e 20% versará sobre temas do conteúdo programático, e pode ocorrer sob forma de reuniões clínicas, anátomo-clínicas, seminários, cursos de atualização e discussões clínicas.
O programa deverá, obrigatoriamente, dispor de:
– Unidade de internação: mínimo de 30% da carga horária anual
– Ambulatório: mínimo de 20% da carga horária anual
– Urgência e emergência: mínimo de 15% da carga horária anual
– Serviço de endoscopia digestiva: mínimo de 15% da carga horária anual.
O manual que contém os critérios essenciais para o Programa de Residência Médica em Gastroenterologia ainda dispõe de outros aspectos essenciais relacionados ao programa, como conteúdo teórico programático, corpo docente, estrutura física e competências e habilidades esperadas ao final de cada ano de residência.
Existem hoje cerca de 65 serviços que oferecem residência médica em gastro por todo o país, formando cerca de 250 residentes/ano.
A rotina de um gastroclínico, portanto, é basicamente dividida em 3 campos:
– Consultas ambulatoriais;
– Acompanhamento dos pacientes internados;
– Realização de procedimentos (especialmente endoscópicos).
Consequentemente, de acordo com o Dr. Guilherme Marques Andrade, no livro Como Escolher a Sua Residência Médica, a qualidade de vida e o volume de trabalho do especialista nessa área, portanto, é algo que pode ser moldado, dependendo da capacidade de cada um e do perfil da subárea em que atua mais.
Ele ainda destaca: “Por exemplo, se faz o perfil de atendimento de consultório, terá um dia a dia mais tranquilo, eventualmente aborrecido com os tradicionais telefonemas dos pacientes funcionais; caso tenha um perfil mais hospitalista, terá, portanto, que ter mais disponibilidade e mobilidade para ir ao hospital com maior frequência e aos finais-de-semana (especialmente se lidar com muitos pacientes hepatopatas e portadores de doença inflamatória intestinal)”.
E continua. “Optando pelo caminho da endoscopia, poderá ter atrasos em procedimentos que se prolongam, complicações que requeiram internação e acompanhamento, além dos plantões”.
Remuneração de um médico especialista em Gastroenterologia Clínica:
Em relação à remuneração, não é muito diferente de outras especialidades clínicas, mas a vantagem da gastroenterologia em relação às outras, é que ela é uma das especialidades clínicas que mais tem procedimentos intervencionistas (sejam diagnósticos ou terapêuticos).
Além que eles exigem certa habilidade manual, como: endoscopia digestiva alta, colonoscopia, retossigmoidoscopia, ecoendoscopia, enteroscopia, cápsula endoscópica, colangiopancreatografia endoscópica retrógrada, manometria esofágica convencional e de alta resolução…
Além de, manometria anorretal e biofeedback, pHmetria e impedanciometria esofágica de 24h, ultrassonografia de abdome superior, biópsia hepática transparietal, fibroscan, testes respiratórios (supercrescimento bacteriano, intolerância à lactose). Sendo assim, é possível agregar valor através da realização desses procedimentos, não dependendo apenas da remuneração das consultas.
Cirúrgica – Cirurgia do Aparelho Digestivo:
A gastrocirurgia ou cirurgia do aparelho digestivo (CAD) é, portanto, a especialidade que lida também com as doenças do sistema digestivo, com exceção da cavidade oral (que fica a cargo de outras especialidades como a otorrino, ou a cirurgia de cabeça e pescoço).
Entretanto, a CAD lida então com patologias do esôfago, estômago, intestino delgado e grosso, e órgãos acessórios: fígado, vesícula biliar, via biliar e pâncreas.
A residência em CAD tem como pré-requisito dois anos em Clínica Cirúrgica, tem duração de mais dois anos de especialização, e ainda mais um ano opcional em alguma área de atuação específica (como endoscopia e videolaparoscopia).
Ou para a realização de cirurgias de alta complexidade, como: cirurgia oncológica, cirurgia bariátrica e transplante de órgãos do aparelho digestivo (fígado, pâncreas e intestino).
De acordo com a CNRM, os requisitos, portanto, para o Programa de Residência Médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo são:
– Unidade de internação – 20%, compreendendo, então, de estágios em cirurgia do esôfago, estômago, intestino delgado, coloproctologia, fígado, vias biliares e pâncreas, mínimo de 10% da carga horária em cada um dos estágios.
– Ambulatório – 20%, compreendendo, portanto, em atividades ambulatoriais em doenças do estômago, intestino delgado, coloproctologia, fígado, vias biliares e pâncreas, com distribuição da carga horária de cerca de 15% em cada um dos itens.
– Centro cirúrgico e cirurgia ambulatorial – 25%, compreendendo, então, distribuição de procedimentos nas áreas dos estágios acima citados (internação e ambulatório) e com um número de procedimentos para o MR1 e MR2 conforme listagem abaixo.
Desse modo, procedimentos mínimos cirúrgicos a serem realizados, respectivamente, pelos Médicos Residentes (R1 e R2):
– Unidade de Terapia Intensiva – Na atividade em UTI com 10% da carga horária.
– Estágios obrigatórios – 10%: anatomia patológica (2%); endoscopia (5%); radiologia/ultrasonografia (3%)
– Estágios opcionais – a critério da Instituição, (5%)
Para quem acha que o gastrocirurgião é aquele, portanto, que fica apenas no centro cirúrgico, está enganado.
De acordo com o Dr. Bernardo Fernandes Canedo, no livro Como Escolher a Sua Residência Médica: “(…) mais importante do que indicar uma cirurgia, é saber, então, não indicar e tratar clinicamente.
No entanto, a gastrocirurgia abrange, então, um enorme campo e não se limita somente ao centro cirúrgico.”
Dessa forma, apesar dos cirurgiões serem geralmente conhecidos como “aqueles que não tem vida além da medicina”, é possível, então, ter qualidade de vida na gastrocirurgia dependendo, então, da subespecialidade que você escolher.
Assim como os clínicos, os gastrocirurgiões também podem escolher se especializar na área de realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos endoscópicos.
Desse modo, podem assim, escolher trabalhar principalmente em horário comercial, e geralmente não tem vínculo com o paciente.
No entanto, além disso, assim também é possível fugir dos grandes centros, para quem quer ter uma vida mais tranquila e uma agenda, portanto, mais folgada.
Contudo, também é possível, portanto, escolher trabalhar apenas com cirurgias de baixa/média complexidade, que exigem um pouco menos do médico, por terem menor tempo de internação e menores taxas de complicações pós-operatórias.
Enfim, existem inúmeras opções. Você pode escolher fazer o que gosta, aliando qualidade de vida e remuneração.
Aproveite e veja também um vídeo sobre especializações médicas:
Quer saber mais ou precisa de ajuda com sua aprovação na Residência Médica?